sexta-feira, 10 de julho de 2015

O Fardo Seguinte



“O desaquecimento da economia, pelos motivos já expostos, ainda está longe de terminar”, por Ossami Sakamori em artigo http://ossamisakamori.blogspot.com.br/2015/07/economia-br-os-indicadores-do-mes-julho.html, me dá calafrios. É meio sinistro ter que encarar mais um tempo, que não sabemos direito quanto, o monstro da inflação de frente.

A indiferença que se tem pela leitura dos números desses indicadores é própria das pessoas que em geral não têm muita noção do significado deles. Não é pra todos, mas para aqueles que têm uma noção mais clara sobre economia. Não é caso das massas, apreciar esses números, e em sua grande maioria nem se importam com isso como informação.

O fato é que isso chega na mesa de cada um, tanto em forma de cebola 23,78% mais cara (vide.. A Culpa é da Cebola), como nas discussões acaloradas e entre famílias que começam a se digladiar quando lhes falta com o que manter seu orçamento. Não dá pra fechar os olhos para aumentos gritantes de um lado do cabo de força, como gasolina, todos os itens das prateleiras de supermercados, remédios, serviços, impostos, etc, e do outro lado.. as contenções, nossos bolsos escassos e a perspectiva triste de nos vermos ainda mais deprimidos com a crise, debaixo de sorrisos debochados e um cinismo sem fim dos poderosos.

Uma coisa que me chamou atenção, mas é comum passar despercebida pelo leitor do artigo anterior é “....até final do semestre, índice de pessoas desocupados em 8% ou equivalente a 8 milhões de trabalhadores....”, Quando olhamos para o número em percentual, nos vem à cabeça um pequeno valor absoluto de alguma coisa. Em geral pensamos... apenas 8 em 100.., mas prestando melhor  atenção, são “8 milhões de pessoas... 8 milhões apenas nos 6 primeiros meses”. É de se entrar em parafuso. São 8 milhões de pessoas que começam a entrar em depressão, pelas consequências de um conjunto de medidas econômicas irresponsáveis sob o comando da equipe de uma pessoa inapta.

Olhando um pouquinho pra trás e lembrando das discussões acirradas entre os dois candidatos,
durante as eleições, um saltando nas pontas dos pés e outra a ter baixas de pressão, a proferirem sentenças de derrota um ao outro, não posso deixar de lembrar aqui que a “situação” acusava a “oposição” de governar para os ricos e precisamente.. para os banqueiros. Não era assim? Pois bem,  hoje o governo faz “de forma péssima” (porque nem capacidade para administrar de forma errada eles têm), o que acusava a oposição de planejar para o povo brasileiro.

Mas vamos adiante, porque isso terá fim. A pergunta é... o que virá depois? O que acontecerá depois que esse erro for erradicado da nossa história? Afinal, o governante seguinte encontrará na melhor das hipóteses, inflação anualizada na casa de 2 decimais (lembrando que isso é meta estourada), taxa básica de juros na casa de 14%, como citado no artigo anterior, e a cebola... ainda culpada, com certeza.

É claro que o próximo governante amargará dias difíceis e talvez ainda seja visto como vilão, porque refazer a economia, querendo ou não, significa aperto, e passa por esforços da população, contenção, ajustes, arrochos, e outras medidas dolorosas para o povo já maltratado. A diferença, será a esperança.

Possivelmente a “situação” de agora, que naquele então será “oposição”, fará discursos de críticas ao novo governo, e desses discursos se servirá para se aproximar novamente do eleitor, querendo induzi-lo a acreditar que os “reaças” não estão conseguindo levar a economia aos trilhos..., que quebraram o plano que “poderia dar certo”, e que estão apenas servindo aos próprios interesses.
Assim, tenho a sensação de que ainda não será o próximo governo a nos fazer esquecer esses dias ruins de agora, e que ainda comeremos muita cebola culpada.

Por: Mônica Torres
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Publicado originalmente em: Ossami Sakamori Blogspot