O que
vem a ser todos esses gráficos? Todos esses números.. os percentuais e as taxas
tão bem recitadas na matéria “Brasil. Apocalypse now!” anterior, neste mesmo
blog? O que vem a ser tudo isso em nosso
dia a dia? O que é isso chamado Selic, que jamais compramos, encomendamos, ou
jamais consultamos no nosso dicionário? Por que isso tem tanta importância se
em tantos anos, jamais demos permissão aos fazedores de gráficos, números e
taxas, a subtrair nossas reservas tão suadas, guardadas em nossas humildes
poupanças?
Então... somos gente comum, feita de
filas, esperas, prestações, pequenos empreendimentos que comemoramos o sucesso
quando são de sucesso.. e ninguém imaginou que.. PIB ou “Selic”, tão cheia de
pompa e prestígio, designasse os lucros, determinasse os ganhos, apontasse as
perdas de nossos pequenos empreendimentos. Em que instante de nossa ida ao
trabalho, de nosso esforços, permitimos a essa “sombra”, o determinar absoluto
do nosso sucesso ou fracasso? Mas... sim, estamos reféns dela, e há uma equipe
escolhida pelo pessoal que escolhemos, que deveria cuidar para que nossas vidas
andassem em ordem e.. progresso, claro! Mas cometem os mesmos erros todos os
dias, e já não têm mais controle, porque desses erros se alimentam.
Alguém aqui em baixo, ouviu falar em
pedaladas fiscais... ajustes... equilíbrio de contas, cortes... apertar os
cintos... mas como? O que significa tudo isso.. ou, em que parte da lata de
leite, ou do pacote de açúcar, ou da bula de remédio, isso tá impresso? Tempo
de cinco segundos talvez, pra perceber que é no código de barras, na linha
larga ou estreita do código de barras, que tão acauteladamente, codifica as
palavras SELIC, PIB, VARIAÇÃO CAMBIAL, DEFICIT PRIMÁRIO, JUROS, CORREÇÃO e toda
sorte de condenações transformadas em preço, pelo eficiente leitor digital do
caixa.
Mas há uma coisa de que as
reportagens falam, que todos entendem: “A retração da atividade econômica”,
pois que essa sim, é bem representada em imagens 3D, na medida em que dirigimos
nosso olhar para o lado e percebemos estar ombro a ombro com representantes
daquele contingente de 8,2 milhões de desempregados (prefiro tratar assim os
citados desocupados), cujo desespero começa a escrever uma história triste, de
consequências e estatísticas (sem querer me aprofundar nos números de
infortúnios).
Aqui em baixo, sentimos tudo na
forma de.. dívidas, não cumprimento dos compromissos, vergonha, angústias, perdas,
dúvidas, inseguranças... aqui em baixo, somos frágeis, somos desamparados,
somos vítimas. Não há amanhã seguro, há apenas o sentimento animal de preservar
a vida e a família, de conservar e se proteger, daquele monstro multi-face do
código de barra.
E a reportagem ainda nos diz que
devemos apertar os cintos? E que cintos mais são esses, que já nos sufocam e
tiram de nós além do respirar orçamentário, o planejar e o porvir?
Somos o Brasil, somos o espaço
territorial em risco, somos a empresa administrada por mãos incompetentes de
equipes incompetentes, e a má gestão, em
qualquer empreendimento, de qualquer tamanho e natureza, significa a falência. Simples assim! A “arrogância
, incompetência e corrupção”, declaradas
por imprensa estrangeira, não deveria nos chocar, porque não são novidade para
nós, visto que já estamos passando esse código de barras no leitor, há algum
tempo e pagando caro por isso sem tomar qualquer providência realmente eficaz.
Por: Mônica Torres
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Publicado originalmente em: Ossami Sakamori Blogspot