Nascido em 1939, David Horowitz, filho de comunistas
sonhadores, transitou durante muito tempo pelos caminhos dessa ideologia. A influência de seus pais, não poderia
render-lhe, senão alguns anos de sua juventude, mergulhado no idealismo Marxista apaixonado. Horowitz foi
naquele então, um homem sonhador, observador da evolução social, dos conflitos mundiais vividos à sua época de
rapaz nos anos 50/60, onde fervilhavam as manifestações, o sonho de economia
planificada, que pretendia implantar um modelo socialista, que promovia a
igualdade dos povos, sob um comando que tudo provesse, para que todos tivessem.
Sua adolescência foi vivida em plena guerra fria e seu temperamento dinâmico
certamente lhe permitiu se inserir a fundo nos valores socialistas, ainda que
morasse num país capitalista, lado oposto do cabo dessa guerra fria com a União
Soviética.
No entanto, o senso de humanidade é bom senso sempre,
e a observação da evolução e desenrolar dessa guerra fria e a vida fora da
União Soviética, trouxe à luz dos olhos de Horowitz, a realidade acerca dos
seus ídolos e ideais. A subida de Nikita Khrushchov ao poder pós Stalin, revela
ao mundo documentos e livros importantes que denunciam a prática de horrores e a existência de
campos de concentração soviéticos, encapsulados no idealismo socialista da
época.
Horowitz toma conhecimento do Khrushchov Report aos 17
anos, um momento crucial de consciência, que promoveu a debandada e abandono de
muitos membros do partido. É claro que uma mudança drástica de um ideal
introjetado sistematicamente na vida de qualquer indivíduo, não acontece de
forma abrupta ou sem danos, e Horowitz, passa a adotar um socialismo mais
suave, “falsamente inofensivo”, como o que conhecemos hoje. Então, o idealismo
de David, se manifesta na criação da nova esquerda americana, cujos ideais de
sistema, são uma volta ao Marxismo, sem as máculas de sangue deixadas por
Stalin. Mas o espírito de David, é que é puro e sem máculas.
David se torna um ativista influente da causa social e
consolida sua aptidão pela liderança e o gosto pela escrita lhe torna famoso.
Mais adiante, já morando na Europa, ele revê conceitos e concebe a estrutura de
uma esquerda nada totalitarista, mais liberal, mais suave e amena, que
formaliza em matérias escritas para revistas importantes, em sua volta aos
Estados Unidos.
É irônico mas providencial, observar-se aí, que em
qualquer tempo, apesar de ideais, de sonhos, de disciplina e aprendizados de
esquerda, cujo principal fundamento é se opor ao capitalismo, todas as
criaturas se servem da livre escolha e iniciativa para suas realizações
pessoais.
Nesse instante abro parêntese, para esboçar minha
observação lógica de que, se o socialismo prega uma igualdade para os homens,
na forma em que a caridade, ou fraternidade social que iguala as pessoas a fim
de torná-las dignas, é o ingrediente principal, por outro lado, esse mesmo
socialismo é relegado a segundo plano, pelo seu mais ferrenho defensor, assim
que movido pela lei natural da recompensa, inerente ao indivíduo, desde seu
nascimento. Explicando: não há igualdade entre os homens, jamais haverá essa
igualdade, porque desde os mais primários sentimentos e reações humanas (até
mesmo nos animais irracionais), esperamos “recompensa”. Vivemos, trabalhamos e
morremos por ela e ela não pode ser igual para todos em nenhum aspecto. A lei
da recompensa é tão fundamental, provável e irrefutável, quanto a lei da
gravidade. É nesse ponto que volto a citar Horowitz, que vai exercer naquele então, seus ideais de socialismo,
sim, numa democracia sustentada pelo velho e bom capitalismo que provê as
recompensas de cada um.
Mais adiante, abalado com a morte de sua amiga Beth,
em circunstâncias misteriosas, David constata que o companheirismo da frente de
revolução era apenas de fachada, (posto que adiante fica esclarecido a sua
morte por um membro dessa vanguarda revolucionária que permanece em silêncio
oportuno) e sua ideologia tão pura, era inútil para resolver questões que a
própria causa regrava.
Aqui novamente, abro outro parêntese, para lembrar que
o tempo não é providente o suficiente, para modificar práticas e ideais
falidos. O socialismo puro do ideal de Horowitz àquela época, não existirá jamais,
pois assim como a lei da recompensa é natural da vida, a natureza humana é
primorosa em suas diferenças. Assim como há indivíduos, cuja caridade e
fraternidade são o sal de seu caráter, há também na mesma medida o homem
indiferente, porém, todos sem exceção, regidos pela “lei de recompensa”, seja
ela em qualquer ordem.
David Horowitz finalmente enxerga além do véu negro da
falsa igualdade social, os elementos primários que regem a vida em suas
diferenças. Não havia em seus companheiros de frente esquerdista, o menor
interesse em trazer a verdade à vista do mundo. Então David compreende os
meandros desse socialismo e rompe com toda a referência de seus ideais. Os nove
anos seguintes foram de silêncio literário, desorientação e de desconstrução de
todo aparato ideológico que ele tinha por verdade e que nada mais era, do que
uma ideologia, repito, falida, e de compaixão seletiva.
Horowitz que defendia a retirada de tropas americanas
do Vietnam, assiste junto ao resto do mundo estupefato, o massacre aos
vietnamitas, cambojanos e tailandeses (3 milhões de pessoas assassinadas, 2
milhões de refugiados e outras dezenas de milhões de sul vietnamitas mortos
pelos irmãos do norte), pelos comunistas, em campos chamados de reeducação e
endossados pelo silêncio conveniente da esquerda mundial.
A visão crítica de David é necessária aos idealistas
de hoje, para acordar aqueles que abraçaram por ideologia o socialismo, sob a
ilusão da realização de uma plenitude social homogênea, de uma utopia colorida
de contos de fada.
Sempre é tempo de mudar. Sempre! A razão prevalece nos
corações que nascem para o bem. Horowitz fez seu luto do esquerdismo utópico,
que viu se esvair na fragilidade da matéria-prima ilusória do socialismo.
Verteu suas lágrimas, fez sua catarse, e se reconstruiu no elemento da verdade
sólida que nem de longe se chama socialismo.
O conservadorismo é a roda descoberta, e não há como
nem porque se reinventá-la. Não há como alimentar utopias, porque a verdade
sempre emergirá delas. As leis da natureza
(como as da recompensa), são irrefutáveis e uma vez compreendidas, resta apenas
aceitá-las e delas procurar o controle para se prover o desenvolvimento da vida
em sociedade pacífica.
A compreensão da necessidade de estudo de todas
as lógicas, é bem vinda nesse ponto em
que se observa que a retirada de um conceito como por exemplo, o
conservadorismo, das grades de ensino das universidades e escolas, deixa de ser
estudo, para se tornar “propaganda sistemática”. Assim, temos vivido dias de
publicidade socialista constante em nosso meio social brasileiro, pela
propagação de leis e emendas políticas praticadas pelos três poderes, que têm
adotado os caminhos tortuosos desse sistema cujo produto final vem a ser a
falência de valores, de conquistas, enfim.. de toda a sociedade.
David Horowitz tem trabalhos relevantes para a
sociedade, como fundações, institutos e
obras primas de literatura, cuja leitura é um presente às mentes
pensantes, cujo valor é inestimável por ser cheio de conhecimentos dos dois
lados, em que aqui faço destaque ao título “A Arte da Guerra Política”.
Em sua obra “A Arte da Guerra Política”, Horowitz
destaca pontos cruciais determinantes das vitórias políticas, independente de ideologias, mas que uma vez
aplicados, convergem para a vitória. Destaca o cenário dessa guerra onde há
três elementos a ser considerados, 2 oponentes e o povo que assiste. De outra
forma, numa primeira instância, eu chamaria de arena de batalha, onde os
elementos são perfeitamente ajustados ao contexto de 2 adversários e 1 prêmio.
David brilhantemente descreve em sua obra os passos trilhados pelos vencedores,
os métodos adotados pelos oponentes, as escolhas feitas pelos eleitores. Cita
exemplos próximos de nós, e formaliza com tanta lucidez, simplicidade e verdade,
os desenhos da guerra política, que ao final da leitura, é quase irresistível
dizer... Elementar meu Caro Watson!
Mas de tudo que li, o mais feliz dos momentos é
compreender que David Horowitz, outrora militante de esquerda, valida o conceito de conservadorismo, porque
esse sim, é baseado na verdade sólida e provável.
Por: Mônica Torres
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