quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Togas rotas

Por que não podemos sequer questionar os homens de capas pretas?

As segundas-feiras no Brasil, deveriam deixar de existir. Enquanto a população adota o esperançoso hábito de começar tudo nesse dia, para citar alguns.. dietas, agendas, parar de fumar, começar um curso, começar um trabalho, etc, etc, sem nunca cumprir de fato, a mídia toda mostra que isso também se dá nos corredores da maleficência, com êxito.

Entra ano e sai ano e não se resolve os problemas antigos do Brasil. Às vezes penso que está no sangue brasileiro, toda essa modorra a que fomos condenados desde muito tempo. Ou será que acumuladas tantas desgraças, fica difícil ser otimista?

Quem diz que somos livres e que estamos mudando, são tolos.
Não se ofenda o leitor, aquele que está cheio de esperanças porque os ares de mudanças trazidos pela perspectiva de uma renovação presidencial, aliviou um pouco a atmosfera das demais mazelas infernais de todo dia brasileiro.

Não estamos livres e as segundas-feiras nos provam isso com tristeza.
As redes sociais virtuais têm tido um papel importantíssimo na sociedade, desde que exercendo sua função de informar, e as segundas-feiras, são uma sentença semanal na cabeça de políticos, ou na cabeça dos cidadãos. A mídia é uma gangorra.

Ora levantando o moral da sociedade, por exemplo, quando noticia e publica postagens relevantes, apontando mazelas do mais alto “clero jurídico” e notícias de iniciativas de punição, ora em postagens que apontam outros pecados desses mesmos sacerdotes de toga. As postagens das segundas são sempre um susto, animador ou frustrante.

De uns tempos para cá tem sido realmente difícil para os brasileiros, manter alguma postura de honra perante o mundo. Com exceção das medalhas de ouro acompanhadas de continência, nas olimpíadas, não há na mídia escrita ou televisiva, notícias de que nos orgulhemos. Considerando que “notícia” é a manifestação expressa de um fato acontecido, só temos a nos envergonhar.

Nossa história de corrupção é antiga? Sim, sabemos disso. Mas isso não precisava ser “regra”. O problema conosco (brasileiros), é que há quem encare como regra e até faça piadas e gracejos sobre o perfil corrupto brasileiro consolidado e conhecido mundialmente.

A corrupção brasileira é documentada, legalizada, contada em piadas, cantada em músicas, encenada em teatros …e agora usa capa. É verdade, damos audiência à corrupção como se ela fosse uma prática inevitável. Já consolidamos esse pensamento como se fosse um contágio do qual não podemos escapar.

Ainda me pergunto por que adotamos essa postura de “..fazer o que”? Por que os homens “Golias” deste país, não têm “Davis” que lhes cortem as cabeças, lançando fora de nossas vidas essa doença que nos assola?

Me pergunto em que trecho de ideologia ministrada entre os juristas brasileiros, se consorciou a desonra com a indiferença, para virar lei? Que acordos foram feitos por serpentes disfarçadas, para tornar tácito esse compromisso com a indiferença à corrupção?

Que cálice foi servido a essas pessoas, que lhes deu esse poder de malfazer, mancomunar, trair e sujeitar seus compatriotas enquanto usam suas capas pretas?

Por:Mônica Torres
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Publicado originalmente em: Grupomoneybr