sábado, 6 de agosto de 2016

Olimpíadas e Flores

Ninguém duvida que o Brasil é capaz de produzir música e beleza, sobretudo se for desafiado, como parece ter sido o caso da abertura das olimpíadas. O dia seguinte amanheceu com um gostinho unânime de vingança, dos organizadores da festa sobre os duvidosos críticos, que diziam que o país não estava preparado para oferecer uma olimpíada digna do olhar criterioso do mundo. Bobagem! Sabemos produzir espetáculos inesquecíveis.

Os jornais estrangeiros não pouparam elogios. É claro que um espetáculo daquele, esbanjando a legítima emoção genuína do povo brasileiro, não poderia ser feio. Foi de arrancar lágrimas e suspiros. Literalmente, emocionante! Um presente aos olhos e ao coração de quem sabe quanto precisamos valorizar nossa terra.

Ninguém poderá dizer que o Brasil é incapaz de produzir coisas boas e belas. O sentimento das massas brasileiras está claro. Desejamos progresso!

Dentro desse asfalto cinza de corrupção que hoje nos abate a dignidade, moram flores que têm tentado nascer diariamente, a exemplo dos juízes que tomaram para si o peso da luta contra a corrupção, a exemplo do povo que vai às ruas vestido de nossas cores empunhando bandeiras do Brasil, a exemplo daqueles que se esforçam para recuperar os irmãos arrebatados pelas garras da ideologia oportunista, que nos fez reféns de uma economia doente, de uma política corrompida e uma prática de governo desastrosa. Somos flores!

Ninguém dirá que não há fair play nas tentativas dessas flores, de romper o asfalto dos opressores, que insistem ainda em manter a corrupção dominante. O povo brasileiro tem tentado reivindicar direitos, restabelecer honra e dignidade, há muito, afrontado e vilipendiado pelos poderes políticos corrompidos.

Não há partidarismo no que desejamos! Não há ódio, há desejo de respeito às diferenças, há desejo de melhorar o mundo em que vivemos, há desejo de melhorar as vidas de nossos irmãos. Há desejo de nos alinhar com os melhores, com os mais ricos, com os mais evoluídos.  Não há pecado nisso. Há honra e dignidade nesse desejo.

Mas… não nos enganemos, há os que tomarão para si, de outra forma, o significado de todo o cenário. Há os que dirão, que toda aquela produção foi a contragosto dos brasileiros que foram às ruas reclamar as prioridades que não têm sido cumpridas. Haverá os que dirão ainda “nós e eles”, e contra “eles” as Olimpíadas aconteceram.

Em pouco tempo, essa gente corrompida, cheia de empáfia, reivindicará para si e para seus partidos, o mérito de querer o crescimento do país, cobertos pela capa mentirosa de proteção que desejam estender sob o continente sul-americano, sob o rótulo de um herói que jamais existiu nos anais de nossa história: Bolivar. Nossos heróis têm outros nomes.

Aqueles que foram contra a realização das olimpíadas, e ainda são, o fazem com a mesma legitimidade do sentimento manifestado nas arquibancadas da abertura, porque não é contra um evento dessa importância seu manifesto verdadeiro, mas contra o preterir das prioridades, em favor do evento festivo momentâneo. São contra a ordem das realizações na fila, que negligencia as primeiras necessidades em proveito da festa.

A festa foi linda. Paz e glória ao Brasil! Sejam nossas, as palavras de Carlos Arthur Nuzman, legítimo brasileiro, de mãos trêmulas pela emoção, de voz forte pela coragem e força do discurso que não esqueceu de dizer.. “Verás que um filho teu não foge à luta”.

Nosso festivo minuto de glória, passará. Outras olimpíadas virão, em outros lugares.. Se soubermos aproveitar o momento e perpetuar a força de nosso sentimento cívico, seremos de fato flores… mais que uma, ou duas… mais do que tímidas vozes sufocadas, seremos flores fortes e inquebrantáveis.

Por: Mônica Torres
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Publicado originalmente em: Grupomoneybr