sábado, 30 de abril de 2016

De um extremo ou outro

Termos políticos como Direita e Esquerda, são muitas vezes desvirtuados e representativos de conceitos fundamentados no repúdio, na insatisfação, ou mesmo na vaidade, que tendem a ser produzidos por interpretação diversa do que lhes é atribuído originalmente. Assim, em meio às classes populares desinformadas, em sua maioria, nascem expressões errôneas e se lhes aplicam uso, de forma a torná-las verdades. Mas não nos enganemos, mal é mal e bem é bem.

Em povos antigos por exemplo, o conceito de oligarquia, foi erroneamente empregado, para representar regimes políticos conduzidos por pessoas de ‘alto poder aquisitivo’, muito embora essa alusão seja apenas uma infeliz imprecisão do significado, tendo-se em conta que o significado de oligarquia, diferentemente, discorre por outro viés, ainda que oligarcas em geral sejam ricos.

Oligarquia no seu sentido literário mais íntimo (oligarkhia – ολιγαρχία), refere-se a governo voltado ao benefício de poucos, e centralizado em números discriminativos e restritos de membros, como partidos políticos, famílias, entidades, corporações, etc. O que abraçam, são práticas seletivas e egoístas, presenteando com benefícios diversos, parcelas limitadas da sociedade.

É como o atual governo brasileiro, em sua falsa roupagem de humanitário, sustentado confortavelmente nas bases trabalhadoras e na servidão social. A grosso modo, oligarquias são o topo da pirâmide, cuja base é montada com peças moldadas no assistencialismo. A corrupção política é um risco 100% resultante nesses regimes, até pela fragilidade da linha que separa o poder do direito.

Em entrevista passada em finais de 2015, o economista e escritor Antônio Figueiredo, discorre com clareza sobre o assunto em um comentário: “…a corrupção deve-se à ‘formação política histórica’ do Brasil baseada no ‘patrimonialismo’ e nas ‘velhas associações oligárquicas do capital com as da política’ desde os tempos coloniais.”

A história de corrupção no Brasil está estreitamente ligada com a existência de oligarquias, mas sua manifestação mais maléfica tem se avultado nos últimos períodos da 6ª república, onde a tentativa de consubstanciar o desenho da pirâmide pseudo socialista, repousa num governo de decretos e fraudes.
Há controle (já nem mais sutil), sobre os processos de evolução social, educacional, cultural e sobre as políticas sociais e econômicas.

Não há histórico de registros de governos oligárquicos no mundo, sem que estejam diretamente ligados aos conceitos de injustiça e derrota. Não é diferente no ciclo brasileiro, onde os vários modelos de oligarquias, foram talhados em desde o coronelismo (em pequena escala), até o lulopetismo ainda vigente.

É fácil compreender o resvalo de quem tece interpretações equivocadas de conceitos sociais e políticos como ‘esquerda’ e ‘direita’, porque na insatisfação, ou na vaidade premente, estes termos estão confundidos e sujeitos à corruptela conveniente. Em recente matéria publicada, o mesmo escritor, refere-se a esse desvio, retratando bem a nossa condição de atraso intelectual em conceber, as reais diferenças entre ‘esquerda e progressismo’ e ‘direita e conservadorismo’.

Nenhum desses conceitos é prerrogativa de progresso ou de fracasso, naturalmente, mas armadilhas de padrões que uma vez desvirtuados nessas perspectivas, e cuidadosamente repetidos sob essa leitura adulterada, sobretudo na esfera educacional, dentro de uma grade escolar cuidadosamente configurada sob uma ideologia de aceitação e repúdio, o resultado é a construção desastrosa de um indivíduo de postura hostil e intolerante. Nascem daí, desde os movimentos críticos inofensivos aos mais arraigados preconceitos que resultam em grupos de ideias fundamentalistas.

Da incompreensão, nasce a intolerância. Da ignorância nasce a subserviência e somente do conhecimento, nasce a liberdade.

Por: Mônica Torres
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Publicado originalmente em: Grupomoneybr