Termos políticos como Direita e Esquerda,
são muitas vezes desvirtuados e representativos de conceitos
fundamentados no repúdio, na insatisfação, ou mesmo na vaidade, que
tendem a ser produzidos por interpretação diversa do que lhes é
atribuído originalmente. Assim, em meio às classes populares
desinformadas, em sua maioria, nascem expressões errôneas e se lhes
aplicam uso, de forma a torná-las verdades. Mas não nos enganemos, mal é
mal e bem é bem.
Em povos antigos por exemplo, o conceito
de oligarquia, foi erroneamente empregado, para representar regimes
políticos conduzidos por pessoas de ‘alto poder aquisitivo’, muito
embora essa alusão seja apenas uma infeliz imprecisão do significado,
tendo-se em conta que o significado de oligarquia, diferentemente,
discorre por outro viés, ainda que oligarcas em geral sejam ricos.
Oligarquia no seu sentido literário mais íntimo (oligarkhia – ολιγαρχία), refere-se
a governo voltado ao benefício de poucos, e centralizado em números
discriminativos e restritos de membros, como partidos políticos,
famílias, entidades, corporações, etc. O que abraçam, são práticas
seletivas e egoístas, presenteando com benefícios diversos, parcelas
limitadas da sociedade.
É como o atual governo brasileiro, em sua
falsa roupagem de humanitário, sustentado confortavelmente nas bases
trabalhadoras e na servidão social. A grosso modo, oligarquias são o
topo da pirâmide, cuja base é montada com peças moldadas no
assistencialismo. A corrupção política é um risco 100% resultante nesses
regimes, até pela fragilidade da linha que separa o poder do direito.
Em entrevista passada em finais de 2015, o
economista e escritor Antônio Figueiredo, discorre com clareza sobre o
assunto em um comentário: “…a corrupção deve-se à ‘formação política
histórica’ do Brasil baseada no ‘patrimonialismo’ e nas ‘velhas
associações oligárquicas do capital com as da política’ desde os tempos
coloniais.”
A história de corrupção no Brasil está
estreitamente ligada com a existência de oligarquias, mas sua
manifestação mais maléfica tem se avultado nos últimos períodos da 6ª
república, onde a tentativa de consubstanciar o desenho da pirâmide
pseudo socialista, repousa num governo de decretos e fraudes.
Há controle (já nem mais sutil), sobre os
processos de evolução social, educacional, cultural e sobre as
políticas sociais e econômicas.
Não há histórico de registros de governos
oligárquicos no mundo, sem que estejam diretamente ligados aos
conceitos de injustiça e derrota. Não é diferente no ciclo brasileiro,
onde os vários modelos de oligarquias, foram talhados em desde o
coronelismo (em pequena escala), até o lulopetismo ainda vigente.
É fácil compreender o resvalo de quem
tece interpretações equivocadas de conceitos sociais e políticos como
‘esquerda’ e ‘direita’, porque na insatisfação, ou na vaidade premente,
estes termos estão confundidos e sujeitos à corruptela conveniente. Em
recente matéria publicada, o mesmo escritor, refere-se a esse desvio,
retratando bem a nossa condição de atraso intelectual em conceber, as
reais diferenças entre ‘esquerda e progressismo’ e ‘direita e
conservadorismo’.
Nenhum desses conceitos é prerrogativa de
progresso ou de fracasso, naturalmente, mas armadilhas de padrões que
uma vez desvirtuados nessas perspectivas, e cuidadosamente repetidos sob
essa leitura adulterada, sobretudo na esfera educacional, dentro de uma
grade escolar cuidadosamente configurada sob uma ideologia de aceitação
e repúdio, o resultado é a construção desastrosa de um indivíduo de
postura hostil e intolerante. Nascem daí, desde os movimentos críticos
inofensivos aos mais arraigados preconceitos que resultam em grupos de
ideias fundamentalistas.
Da incompreensão, nasce a intolerância. Da ignorância nasce a subserviência e somente do conhecimento, nasce a liberdade.
Por: Mônica Torres
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Publicado originalmente em: Grupomoneybr