segunda-feira, 30 de maio de 2016

Quem tem razão?

 “Não é de se surpreender esses lamentáveis casos de estupro…  …Num país que se fabrica mini-p… com uma farta erotização precoce e com severa infantilização da população reduzindo as responsabilidades” (João Luiz Woerdenbag Filho/Lobão).

Não fui eu quem disse, muito embora faça aqui mesmo minha consideração sobre o assunto, com largo e irrestrito apoio ao autor da frase. E certamente em mim, não atirarão pedras como fizeram contra ele, nas redes sociais, os hipócritas.

Nos últimos dias ficou difícil se falar de qualquer outra coisa que não seja esse trágico acontecimento do dia 25, o estupro coletivo cujo nome por si só, já causa arrepios.

Os ânimos acirrados na população, as notícias em jornais de todo o mundo dão a ideia exata da extensão e da gravidade em que está mergulhada nossa cultura.

A palavra prostituição, projeta uma ideia de consenso, de condescendência… eis porque as interpretações equivocadas nas respostas de repúdio às palavras do artista. As massas tanto se inflamaram com a barbárie praticada, que não se deram ao trabalho de pensar e interpretar corretamente o comentário e sem demora deram-lhe significado, conforme sua conveniência.

É claro que não há nas palavras dele, apologia ao estupro, mas há a infelicidade de lembrar que temos desprotegido nossa juventude em todo o contexto social e promovido uma farta gama de oportunidades que mais deterioram os valores, despreparam nossos jovens e facilitam o abuso em todos os ângulos para onde olhamos.

A erotização precoce, tem sido sim, uma constante em nossos adolescentes, em nossas crianças, até. Quase tudo na aparência, no comportamento, na indumentária, é fálico. As danças, os gestos, as roupas… tudo verte para o sexo sob as luzes da permissividade.

Estudos feitos no mundo inteiro, apontam para constantes modificações corporais, fenômenos gerados pela antecipação do acionamento de impulsos na direção do sexo. Para ser menos genérica, essas modificações, incluem menstruação precoce, modificações na estrutura corporal, glândulas e etc. A erotização faz pular estágios em que o indivíduo “de qualquer gênero”, tem suprimidas suas etapas de desenvolvimento e de construção, para enveredar pelo que é erótico, sensual e excitante.

Isso não vem a ser uma característica do gênero feminino, mas a desigual condição de força física, confere à mulher a maior dificuldade de defesa em casos de agressão e abuso.

Ora, sejamos realistas, nosso país não tem a mínima condição de proteger nossos jovens, enquanto premia a marginalidade com impunidade, enquanto permite a libertinagem nas escolas, nos bailes, enquanto promove a desintegração familiar e a desordem social. Enquanto banaliza valores que deveriam ser louvados e que em nada diminuiriam a dignidade de nossos meninos e meninas. Eu me pergunto o que faz uma menina de 13, 14, 15 anos… num baile funk? O que faz um rapaz de 14, 15, 16 anos num baile funk?

Sejamos realistas, o repórter Tim Lopes, morto em 2002, fazia uma reportagem investigativa num baile funk, onde há troca de armas e drogas e todo o povo brasileiro sabe disso. Quem em sã consciência vai dizer que isso é cultura?

Hipócritas! É o que são aqueles que querem afundar com a verdadeira cultura para introduzir a canalhice cantada em músicas assim:

Ai novinha você vai me matar desse jeito Eu tô viajando vendo você rebolar Os cara tudo pira nesse teu corpo perfeito No arrocha você sobe e desce sem parar
E você chega na balada cheio de má intenção De vestido curto, chamando atenção Consegue tudo que quer Com esse seu jeito de olhar E quando rebola, ai ai ai isso não vai prestar
(REFRÃO) Vem novinha delícia do papai Que as mina tudo pira no jeito que o papai faz Vem novinha que eu tô louco pra ver O que esse teu corpo gostoso é capaz de fazer
Vem novinha delícia do papai Que as mina tudo pira no jeito que o papai faz Vem novinha que eu tô louco pra vê O que esse teu corpo gostoso é capaz de fazer
Êê êê êê é hoje que eu vou arrochar você
Êê êê êê me provocou agora cê vai vê..                                                                                      (Henrique e Juliano)


Por: Mônica Torres
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Publicado originalmente em: Grupomoneybr