A mentira é um dos mais vis
pecados humanos. É duplamente pérfida, porque condena à infâmia aquele
que a pratica, e porque tira do outro a liberdade de escolha. Sem o
conhecimento da realidade, não há escolha, há apenas guia. E se a
atitude covarde da mentira contra qualquer vida, já é desprezível, não
tem tamanho a atitude contra um povo inteiro. Como é fácil se adaptar as
interpretações, às nossas necessidades e nos livrar das culpas. Pelos
interesses próprios, mudam-se até as leis.
Já vi distorções até das pregações de Jesus Cristo em função de interesses próprios..
Temos vivido assim ao longo
desses tempos, que nem sequer sabemos precisar quanto. Temos vivido sob
tal jugo da covardia, que já não identificamos mais algozes e
benfeitores, nem entre nossos representantes políticos, nem tampouco
entre nossos “próximos” comuns, que parecem adotar o modelo da
dissimulação, confortavelmente.
Tão lastimável ver o colapso
em que o mundo se encontra, o declínio da fraternidade humana, a
violência ganhando espaço e se avultando como uma sombra gigantesca que
nos persegue e nos tira a respiração à sua constatação. As notícias, só
nos trazem dúvidas, nada além disso. Corrupção declarada, miséria, fome,
ataques de racismo, preconceitos, ataques religiosos, desastres
ambientais, vandalismo, contendas de toda ordem. Em contra partida, a
indiferença das pessoas debruçadas sobre os balcões das lojas, ávidas
pelas compras desnecessárias de fim de ano, os gastos desenfreados,
alimentando um consumismo desmedido, produzindo lixo e mais lixo, sem
discriminação e sem critério. Isso é usura! enquanto o mundo morre de
tantos males, paradoxalmente. Não será possível, nos importar com o
mundo mais perto de nós, e vivermos mais fraternalmente, conscientes do
quanto podemos fazer, em pequenos gestos, para mudar a história de
nossas vidas e as dos outros? Por que nos doemos tanto de coisas que não
podemos mudar e esquecemos tanto do que nossa obrigação seria a própria
mudança? Talvez porque o mundo real, bem à nossa volta nos tire da zona
de conforto.
A covardia, é esculpida na mentira. A ironia, a dissimulação e o cinismo, são os entalhes que lhe dão contornos.
Mas somos todos vidas, não somos? Me pergunto às vezes, se fomos sempre assim.. sem valia..
Eu, em minha costumaz
leitura de notícias diárias, já tão banais aos olhos do público
letárgico, ainda reparo em manchetes, imagens e textos, e ainda me choco
com eles. Hoje vendo as fotografias de políticos de toda ordem (ou
seria horda?), a buscar seus pares, seus afins, numa dança macabra, em
que dão-se as mãos para se equilibrarem nas suas pirâmides de
progressões geométricas, flagrei numa foto, um abraço conveniente entre
executivo e judiciário. Legislativo, executivo e judiciário se confundem
nessa desordem, nessa prática covarde da mentira, da dissimulação, dos
golpismos de “todos” os lados, somos finalmente nau sem rumo. As
expressões nos rostos deles, já não escondem a covardia, a arrogância, a
imposição. Não se importam em debater-se em golpes físicos
publicamente, nas casas políticas, não se importam em proferir ameaças,
nem mais usam de eufemismos. Há tanta sordidez em seus procedimentos
convulsivos pela permanência em seus cargos, que são batalhões armados
sob o nome de “partidos”.
Há uma tragédia sem
precedentes sob a lama vermelha de Mariana, mas o mundo à volta parece
não se importar com isso. Não é possível que assuntos como “pedidos de
impeachment” sejam determinantes do esquecimento, do descaso e da
indiferença de nossos governantes. Não é possível que passado mais de um
mês dessa torrente macabra, não se saiba definitivamente a extensão
precisa da área, a causa da tragédia e sobretudo, o alcance de toda essa
desgraça. E nem sequer estou falando de “culpados”.
De novo me pergunto se fomos sempre assim.. sem valia..
Há uma tragédia crônica, sob
a poeira vermelha do nordeste brasileiro, a paisagem de morte (e é
muito feia) financiada pelo desvio de verbas, pela ladroagem, pelo
desrespeito e pela indiferença, está cunhada em cada centavo desviado.
Hoje eu li R$ 200.000.000,00 desviados de “apenas dois lotes” da obra de
transposição do Rio São Francisco, que ironicamente leva o nome do
santo protetor da vida dos animais, aqueles mesmos, que vemos mortos e
apodrecidos ao longo das margens desse eterno estio de providências. São
“Vidas” realmente “Secas”. Eu, que não posso evitar as lágrimas nessa
lembrança, também não posso precisar com exatidão a primeira vez que
ouvi a expressão “Indústria da Seca” em anos remotamente distantes.
Agora sei bem o que significa.
Sempre fomos assim, sem valia, mesmo?
Uma breve passada na mais
importante Agenda Política, nos dará o exato esclarecimento a todos os
brasileiros, da verdadeira importância que temos.
Não há ricos, nem pobres,
nem trabalhadores, nem letrados, nem ignorantes que não padeçam dos
efeitos dessa covardia. A palavra de ordem implícita naquela Agenda Mais
Importante (consultável na rede internet), é precisamente “DESCASO”.
Confira!!
Mas de todas, a mais
dolorosa delas, é a covardia que acabamos por encontrar entre os nossos
mais próximos, aqueles entre os quais vivemos e com os quais interagimos
todos os dias, que criados à raiz da desfaçatez, esculpidos aos moldes
da traição que nos assola desde lá de cima, escondem seus verdadeiros
ímpetos, escondem seus verdadeiros rostos e desprezam-se uns aos outros.
Sempre fomos assim, sem valia? …é possível que sim.
Por: Mônica Torres
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Publicado originalmente em: Grupomoneybr