Não me admiro que se possa comprar uma
pessoa com tanta facilidade hoje em dia. Se antigamente se podia vender
elixires para tudo, contando com a inocência e falta de informação de
candidatos às compras, hoje, os espertos contam com o refinamento dos
métodos, a importância do serviço vendido e todo o suporte técnico pra
todo tipo de golpe. Compram-se até presidentes…
São tiros a queima roupa no cidadão de
bem, as graças vendidas aos cidadãos de mal, que têm habitado
volumosamente essa terra sem lei.
Sempre tivemos nossos pecados desde a
colonização. Gente desonesta e vendável, sempre existiu, muito embora,
como bem lembrado no artigo Caras Pintadas… Caras de Pinho
sob elegância literária do autor, agora “tornou-se um desafio para o
cidadão”, o convívio com essa desfaçatez. Sobretudo porque tem
patrocínio importante na sua quase totalidade, a desonestidade. E
suporte jurídico dos tribunais de exceção.
Muito bem, os valores de agora estão bem claros: Há uma briga de facções chamadas de partidos (leia Gangue Brasil)
com variados poderes de fogo se programando para as próximas eleições.
Dois ou três grupos que flertam entre si, procurando as posições numa
linha de frente pronta para exterminar o outro lado, enquanto se
esbarram numa retaguarda igualmente suja: as gangues de menores
legendas. Não há linha Marginot que resista.
“Perdemos o nosso Estado de direito”,
disse-me um amigo, dia desses.. e eu fiquei com aquela sensação de
calafrio e medo que é típica das situações de perigo. É uma sentença
consolidada, está diariamente proclamada nos jornais, nas redes de
notícias.. perdemos realmente, mas não ousamos pronunciar isso em voz
alta, não sei bem porque… talvez para que a esperança não nos escute…
Hoje estamos engolindo calados
parlamentares de tornozeleiras eletrônicas, dando as ordens… que força
hercúlea é essa capaz de vergar nossos joelhos e nos fazer aceitar
frustrados (porque calados, não estamos), esse regime vergonhoso, onde a
marginalidade dita nossas regras, o que vamos pagar, o que vamos comer,
o que vamos perder e o que respirar no minuto seguinte? Só há uma
resposta: deixamos a escória se tornar gen dominante nas gerações que
criamos através das permissões indiscriminadas.
Produzimos marginalidade. Confundimos as
coisas, quando fomos complacentes com ideias do tipo “eles não admitem
que um pobre possa…” . Era mentira, era jogo sujo, caímos numa
armadilha, não era de pobreza que tratavam eles, o grupo que queria se
erguer, era de marginalidade, de oportunismo. Arrotar aos quatro ventos
em tom de desafio “…estarei com 72 anos e t… de 30 para ser presidente
da República ” (confira o texto na internet), é repulsivo. É contra tudo
que se pode entender por “ordem e progresso”. Ainda que menos de ¼ do
recinto onde isso foi pronunciado, estivesse presente.
É absurda a iniquidade, a vergonha e indignidade com que nós cidadãos brasileiros estamos sendo obrigados a viver.
As eleições próximas, já definem seus
campos de batalha, tréguas de um lado, armadilhas de outro, golpes
desferidos em todas as direções e nosso sangue lava a terra que pisamos.
Uma arena real de feras armadas até os dentes, destilando veneno, já
nem mais sob o véu das flautas encantadoras nas vozes dos seus discursos
políticos. São breves, afiados e vulgares, suas vozes são balas
perdidas, das quais tentamos nos desviar a todo instante, mas
invariavelmente nos atravessam.
Não há instituições seguras, não há
perspectiva de melhora de vida de nenhuma ordem a curto, médio ou longo
prazo, se o mercado continuar a favorecer a venda de pessoas. Só fogo…
cruzado.
Por: Mônica Torres
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Publicado originalmente em: Grupomonybr