quarta-feira, 30 de março de 2016

O Desembarque

O medo da 31ª fase da operação Lava Jato, está tirando o sono de muita gente. Às vésperas de se derrubar de vez o castelo de cartas do governo e sua corte marginal, vê-se um estremecer final do corpo político brasileiro de situação. Pesadas olheiras por baixo de maquiagem que são verdadeiro desafio para as melhores marcas de cosméticos do mundo.

Não que haja oposição real, mas há os que desejam correr, ainda que pra depois se reagrupar estrategicamente como numa guerra.

Eu não sei se o leitor já se deu conta da expressão “desembarcar do governo” usada ultimamente e se já pensou sobre o significado irônico e oportuno dela. Mas eu vou refrescar seus raciocínios. Quando um navio está para afundar, os ratos procuram os buracos onde passam os cordames, na avidez de salvarem suas vidas (desembarque). Mas isso, de jeito nenhum quer dizer que não embarcarão de novo, oportunamente em outros navios.

Nossa corte murídea, dividida em bandos sob estandartes, que todos nós brasileiros, já conhecemos bem de longas datas, já se enfileira na direção do desembarque. O navio… que afunde sozinho! Lá vão eles, cheios de indignação e pudor, ofendidos numa moral que nunca tiveram. Como se a falsidade não fosse seu elemento natural mais abundante.

Eles se arregimentarão em menos tempo do que se imagina, patrocinados pela memória flash de uns e a total desinformação de outros. Eles bem sabem quando é hora de recolher as tropas para não se dizimarem de todo e protegerem seus estandartes sujos.

Estamos assistindo a evasão ou a dispersão do bando. A oposição no Brasil debaixo daquela antiga sigla partidária, é a organização mais oportunista e podre que poderíamos identificar. Nascida para ser oposição a qualquer coisa, assumiu sempre o caráter de oportunismo, a bordejar convenientemente o quartel de comando do butim.

Completando o que eu disse, patrocinados pela indisposição do povo a pensar, favorecidos pela facilidade que o nosso povo tem de aceitar maus serviços e maus servidores, eles pretendem se agrupar e levantar nova paliçada. Aguardem!

De fato eles não têm dormido. Ora pelo medo dos oficiais da justiça, ora porque sabem que não há tempo a perder para salvarem suas peles e o quanto menos exposição, mais chances de reerguerem suas bandeiras nas próximas eleições. O povo que se cuide!

Há uma sociedade consciente, é claro, madura, ativa e alerta aos movimentos desses políticos. Que conta com o auxílio providente da tecnologia, através da comunicação pelas redes sociais. Há quem saiba distinguir a propaganda enganosa do desejo de realizar de verdade. Mas não é um quinhão tão abrangente essa parte da sociedade. A grande maioria, permanece resignada na profundidade de seu cotidiano sofrido, cuja resposta aos apelos da razão que lhes pesa nos ombros, ainda se traduz numa reticência sem prazo para vencer. É absolutamente necessário mudar a forma de pensar para dar o passo na direção do crescimento.

Há quem diga que tudo é válido como experiência, que tudo serve para ensinar uma lição. Eu não sei realmente qual foi a utilidade desses últimos anos de governo, pelo menos no que trata de realização para esse exemplo. Viemos abaixo com a carga toda. O Brasil sofreu um retrocesso gritante. Empurrou-se para baixo a economia, a cultura, a educação, a saúde, a infraestrutura, a segurança… a dignidade, a vergonha… e finalmente a honra.

Regresso, foi o espírito desse governo. Mas é claro como água, que ainda que se desmanche o nó principal dessa experiência nefasta, não podemos baixar a guarda. Nós também não haveremos de dormir, em vigília pela nossa pátria. Não podemos deixar que o mal se reagrupe sob legendas antigas, nem novas… nunca mais!

Por: Mônica Torres
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Publicado originalmente em: Grupomoneybr

sábado, 19 de março de 2016

Ministério da Corrupção

…E fica a partir desta data.. instituído o Ministério da Corrupção. Será?
 
Eram 4, os ministérios em “1984”: “do Amor”, “da Paz”, “da Fartura” e.. “da Verdade”, sendo este último a expressão brutal da forja da história.

“1984” veio à luz em 1949, pela pena ávida de Eric Arthur Blair, na pele de George Orwell, em sua genialidade de todo tempo, como jornalista e escritor. Quem leu a obra, sabe bem o significado dos slogans anarquicamente imprimidos ao partido.. “Guerra é Paz”, “Liberdade é Escravidão” e “Ignorância é Força”. Tudo gira em torno de uma sociedade precisamente controlada pelas engrenagens de um poder que cerceia a liberdade, controlando a propaganda e fabricando as comprovações de acordo com suas verdades, as que também fabricam.

Cuidadosamente, Orwell escolheu para ilustração do Ministério da Verdade, uma grande pirâmide branca, imponente, cujos ângulos também faziam referência aos ministérios citados. Um em cada ângulo de base, dão sustentação ‘perpétua’ ao poder centralizado que governa apenas para si, alicerçado pela sociedade.

Nem preciso desenhar a semelhança desse enredo com o desenrolar de nossa história atual… com nosso corpo político. Mas faltava um ministério num ângulo dessa pirâmide… aquele que sobre todos, personifica um poder cruel e cínico… o “da Corrupção”.

Na ponta do alto, ou.. no extremo superior dessa pirâmide brasileira, a traição à pátria, aos deveres cívicos, aos direitos garantidos aos cidadãos, pela constituição brasileira, agora rasurada definitivamente em suas leis complexas, revistas, emendadas e remendadas 1000 vezes.

Há culpa em todo plano, em toda fala, em todo sussurro pronunciado nos corredores do palácio, há dolo em cada decreto, há sangue brasileiro na tinta de cada assinatura. Nomeia-se sem pudor, as próximas peças que vão querer nomear também.

Há revolta nas ruas, e choro reprimido nos corações dos que ficam em casa, em frente a suas telas, boquiabertos, antevendo a névoa que poderá não permitir o amanhecer sereno da verdade.
As informações desencontradas servem ao caos.

De um lado, mudam-se sistemas, aos berros, nomeiam-se ministros, criam-se cargos, condenam-se pessoas… tudo às pressas, tanta é a corrida pelo ouro. De outro, gritam em desabafos a opressão que lhes pesa nos ombros. O que nos falta?

Por onde começar? …cumpra-se a lei! cumpra-se à risca, as leis, a verdade e o bom senso.
Mas a hipocrisia, também tem sido o ópio desse povo poderoso. Não há inocentes!! não há de nenhum lado. Há também, uma estratégia de manobra há muito tempo, vivendo em “1984”, a condenar também ao “quarto 101” sem julgamentos, a atirar sem medo… e sem direção certa, mirando somente o povo como alvo. Muitos já aceitaram os benefícios que agora condenam nas mãos dos outros. Enquanto lhes serviu o mesmo sistema sujo e dele se abasteciam refestelados em suas zonas de conforto, enquanto nada lhes faltava… tudo era bom… até mesmo o jeitinho que agora repudiam em frente aos flashes e microfones.

É preciso mudar o modelo de pensar, para construir o modelo de agir. Que esperança há para um povo, a quem se precisa lembrar com placas, atitudes simples como “não pise na grama”, “não abra a embalagem” ou… “não jogue papel no vaso sanitário”?

A lei é forte, mas a negligência é diplomada. E dela, é filha a impunidade, presenteada nestes tempos de sofrimento, com um “Ministério da Corrupção” que temos obrigação de repudiar e jamais deixar acontecer.

Por: Mônica Torres
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Publicado originalmente em: Grupomoneybr

segunda-feira, 14 de março de 2016

Audiência e Aceitação

Eu nunca torci pelo Coiote, muito embora ele tivesse muita audiência nos desenhos da TV dos anos 70. Audiência é diferente de aceitação.

Se pudéssemos avaliar as tendências do Brasil em expressões metafóricas, a palavra perfeita seria POLARIZAÇÃO (com tudo que a expressão carrega no significado). Só por alto, qualquer pessoa pode calcular que o país já percorreu pelo menos 1/3 de um processo, que coloca seus cidadãos na condição de adversários, rivais, oponentes.. ou seja lá o que se chame, aqueles que se enfrentam com objetivos opostos. E quem foi que criou tudo isso?

Duas coisas nas atitudes de um homem, o elevam ao status de ‘visível’: a adoração, ou o repúdio. Mas nenhuma dessas manifestações é o que determina que ele seja capaz de gerir alguma coisa, ou principalmente.., de liderar pessoas. Mas isso ainda não foi percebido com clareza, por aqueles que de algum modo, gastam seu precioso tempo e sua audiência com a irracionalidade.

Analisando figuras icônicas da nossa atual esfera política, ou mesmo da órbita ‘ainda’ influente do poder, distinguimos com facilidade a confusão de conceitos que eles adotaram, produzida pela soberba e arrogância que essas figuras insistem em sustentar como ‘força de caráter’ e ‘honra’, e ainda pior, insistem em fazer disso um pré-requisito para permanecerem na posição superior de comando.

Os polos se enfrentam, por enquanto, na forma de manifestos, a proferir impropérios uns contra os outros, enquanto os figurões ardilosos, alimentam sua carga de soberba e arrogância, montadas na fórmula ‘nós(reprimidos) x eles(elite)’, cujo argumento principal é.. ‘eles não admitem que nós…’ Isso é tudo o que eles desejam para iniciar ou dar continuidade a suas campanhas. Basta um momento na mídia, para transformarem em vanglória, sua indignação.

Líder? Não mesmo!!! Ainda que haja nos dicionários um conceito diversificado da palavra, sabemos que liderar, diz respeito a coisa muito diferente de se criar inimigos e reunir bandos para enfrentá-los. Isso se chama iludir, maquinar, engendrar. Nada disso se parece com liderar (cujo principal objetivo é o bem comum). Nada disso se faz com se reconheça em alguém, as características necessárias para que se o siga, para que se o ame, ou por quem se enfrente uma luta.

Então.. por que figuras assim ainda se sobrepõem? Por que ainda há quem os siga? Por que ainda têm tando destaque nas colunas de notícias, nas redes sociais, nos jornais, na TV.. como fenômenos de publicidade? …é simples: Ao contrário do que eles entendem por aceitação (e intenção de voto), ‘notícia’ pode ser de qualquer ordem, e vocês hão de concordar, que aquelas que escandalizam, costumam dar a maior audiência a quem as publica. Eles, os figurões, devem pensar assim ao pretender novas campanhas, novas candidaturas… Da mesma fórmula se serve a mídia na questão cinéfila, o ano inteiro vendem o diabo nas telas, de tal forma que precisam impor até limite de idade para se assistir. Deus, pouco encontra espaço na audiência (veja quantos filmes são exibidos sobre Ele na TV..) e mesmo assim precisa estar ensanguentado durante a maior parte da atuação, para então ter a atenção necessária. Mas é a Ele que amamos e seguimos, não ao diabo na sua falsidade.

Pois que prestem atenção os figurões, numa coisa: o que quer que se assista, tem que terminar bem. O povo precisa ‘do bem’. O vilão tem que perder no final. Não adianta impor suas falsas figuras, suas silhuetas fabricadas na falsa luz que a audiência produz. O tempo revelará a diferença entre audiência e aceitação.

Estar no poder é como ser uma dama. Se tiver que lembrar às pessoas que você é, você não é.” MARGARET THATCHER

Por: Mônica Torres
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Publicado originalmente em: Grupomoneybr 

quarta-feira, 9 de março de 2016

A Verdade

A verdade liberta!
Digite a palavra ‘VERDADE’ num site de busca na rede… eu encontrei “aproximadamente” 104.000.000 de resultados. Digite a palavra ‘MENTIRA’ e encontrará “aproximadamente” 44.900.000. Isso não quer dizer que há mais verdade do que mentira no mundo, mas que há muito mais interpretações e significados possíveis “dentro de conjuntos de valores”, para a verdade. Há muito mais mentira fantasiada de verdade, do que os motores de busca da rede podem registrar.

Para que isso? Já vou chegar lá.

Cá estamos num novelo de intrigas promovido pelo desenrolar dos acontecimentos políticos que nos cercam no Brasil dos últimos dias… aliás, dos últimos anos, mesmo.

Os valores lá em cima andam tão invertidos, que se alguém disser que “a mentira liberta”, seguramente haverá quem possa apresentar provas concretas e em 3d, com tornozeleiras, ou mesmo 4 dedos esquerdos… e tem sido difícil refutar isso, graças à arrogância com que ocupam cargos e andam livres os nossos mentirosos.

Nossa justiça anda brigando pela verdade há algum tempo, numa luta inglória, que agora abrange um ângulo maior que o transitar de papéis pra lá e pra cá nos fóruns e tribunais e a reunião de provas para dizer que a verdade, é verdade mesmo. Os juízes, atualmente têm tido que fazer isso de forma a não deixar brechas para interpretações.

A justiça americana tem seus alicerces, na interpretação (imagine se isso funcionaria aqui…?), por juízes qualificados e escolhidos cuidadosamente e cuja conduta é ilibada na vida pessoal e na jurisprudência. A constituição deles, ao contrário da nossa, é bem pequena (veja aqui.. Constituição Americana traduzida em 17 páginas). A seção 4 do artigo II, diz ‘em 4 linhas’ o que pode destituir um presidente, um vice presidente, ou qualquer funcionário civil dos Estados Unidos. Isso mesmo, em 4 linhas. Faz inveja, não é?

Você há de se perguntar como é que funciona tão bem, sobretudo lembrando que a verdade pode ser projetada em muitos ângulos… (conforme aquele conjunto de valores citado lá em cima), e eu respondo: a verdade só precisa repousar sobre a compreensão, sobre honra, sensatez e tolerância. A verdade verdadeira, não tem projeções nem extensões e a justiça é consequência dela.

A verdade, não precisa de leis para ser executada. Por isso não há tantas leis na constituição de lá… e por isso tantas leis, emendas, remendos e retalhos na constituição aqui. E mesmo assim, os nossos poderosos, não hesitaram em rasgar essa constituição.

A verdade projetada em muitos ângulos, como tem promovido a ‘justiça de quinta’ em nosso país, não é senão… ilusão.
Os discursos inflamados pronunciados contra os juízes que buscam a justiça plena, imparcial e verdadeira, são setas afiadas, saídas de zarabatanas, prontas para iludir os simplórios, instigar as hordas famintas pelo poder e revogar definitivamente a liberdade do povo. São o grito moderno de guerra, o canto metafórico do oportunismo, o chamado grotesco para a inflamação das massas errantes.

A verdade, e somente esta, promovida pela aplicação providente da justiça, nos libertará.

Por: Mônica Torres
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Publicado originalmente em: Grupomonybr

quarta-feira, 2 de março de 2016

Fogo Cruzado

Não me admiro que se possa comprar uma pessoa com tanta facilidade hoje em dia. Se antigamente se podia vender elixires para tudo, contando com a inocência e falta de informação de candidatos às compras, hoje, os espertos contam com o refinamento dos métodos, a importância do serviço vendido e todo o suporte técnico pra todo tipo de golpe. Compram-se até presidentes…

São tiros a queima roupa no cidadão de bem, as graças vendidas aos cidadãos de mal, que têm habitado volumosamente essa terra sem lei.

Sempre tivemos nossos pecados desde a colonização. Gente desonesta e vendável, sempre existiu, muito embora, como bem lembrado no artigo Caras Pintadas… Caras de Pinho sob elegância literária do autor, agora “tornou-se um desafio para o cidadão”, o convívio com essa desfaçatez. Sobretudo porque tem patrocínio importante na sua quase totalidade, a desonestidade. E suporte jurídico dos tribunais de exceção.

Muito bem, os valores de agora estão bem claros: Há uma briga de facções chamadas de partidos (leia Gangue Brasil) com variados poderes de fogo se programando para as próximas eleições. Dois ou três grupos que flertam entre si, procurando as posições numa linha de frente pronta para exterminar o outro lado, enquanto se esbarram numa retaguarda igualmente suja: as gangues de menores legendas. Não há linha Marginot que resista.

“Perdemos o nosso Estado de direito”, disse-me um amigo, dia desses.. e eu fiquei com aquela sensação de calafrio e medo que é típica das situações de perigo. É uma sentença consolidada, está diariamente proclamada nos jornais, nas redes de notícias.. perdemos realmente, mas não ousamos pronunciar isso em voz alta, não sei bem porque… talvez para que a esperança não nos escute…

Hoje estamos engolindo calados parlamentares de tornozeleiras eletrônicas, dando as ordens… que força hercúlea é essa capaz de vergar nossos joelhos e nos fazer aceitar frustrados (porque calados, não estamos), esse regime vergonhoso, onde a marginalidade dita nossas regras, o que vamos pagar, o que vamos comer, o que vamos perder e o que respirar no minuto seguinte? Só há uma resposta: deixamos a escória se tornar gen dominante nas gerações que criamos através das permissões indiscriminadas.

Produzimos marginalidade. Confundimos as coisas, quando fomos complacentes com ideias do tipo “eles não admitem que um pobre possa…” . Era mentira, era jogo sujo, caímos numa armadilha, não era de pobreza que tratavam eles, o grupo que queria se erguer, era de marginalidade, de oportunismo. Arrotar aos quatro ventos em tom de desafio “…estarei com 72 anos e t… de 30 para ser presidente da República ” (confira o texto na internet), é repulsivo. É contra tudo que se pode entender por “ordem e progresso”. Ainda que menos de ¼ do recinto onde isso foi pronunciado, estivesse presente.

É absurda a iniquidade, a vergonha e indignidade com que nós cidadãos brasileiros estamos sendo obrigados a viver.

As eleições próximas, já definem seus campos de batalha, tréguas de um lado, armadilhas de outro, golpes desferidos em todas as direções e nosso sangue lava a terra que pisamos. Uma arena real de feras armadas até os dentes, destilando veneno, já nem mais sob o véu das flautas encantadoras nas vozes dos seus discursos políticos. São breves, afiados e vulgares, suas vozes são balas perdidas, das quais tentamos nos desviar a todo instante, mas invariavelmente nos atravessam.

Não há instituições seguras, não há perspectiva de melhora de vida de nenhuma ordem a curto, médio ou longo prazo, se o mercado continuar a favorecer a venda de pessoas. Só fogo… cruzado.

Por: Mônica Torres 
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Publicado originalmente em: Grupomonybr