segunda-feira, 13 de abril de 2015

Maioridade Penal



Afinal, em que instante na vida, se pode considerar que uma pessoa é responsável pelos seus atos e passível de culpa? Em que instante deixamos de ser crianças no nível inocente absoluto de discernimento entre bem e mal?

Todas as questões abordadas nas discussões sobre maioridade penal me fazem pensar e então eu percebo que o assunto é discutido muito mais em bocas dos mais diversos interesses , do que interesses verdadeiros em uma avaliação da condição humana de cada indivíduo.

E quanto mais penso, mais me convenço que a maioridade penal não deveria ser determinada por uma convenção de lei jurídica, mas a lei jurídica deveria ser determinada por uma lei fisiológica e moral, donde a avaliação apesar de mais complexa,  atenderia perfeitamente aos apelos da realidade.

Ora, sabemos bem que há uma lei pétrea, que as unidades prisionais do nosso país são falhas e estão superlotadas, que as crianças deveriam estar nas escolas e praticando esporte, e que quando marginalizados, suas chances de voltar a cometer delito são grandes e etc.

Os maiores defensores da lei como ela está, proferem os mais acalorados argumentos e lembram que o certo é resolver as questões que estão erradas e as crianças devem continuar sob a proteção da lei até a maioridade de 18 anos. Mas onde está definido na fisiologia e na psicologia, que uma pessoa é “maior” para ser punida apenas quando tem 18 anos, porém é capaz de punir outras pessoas com suas escolhas?  Porque pelo voto de um menor de 18  anos por exemplo, todos os cidadãos serão afetados diretamente.

Deixemos as discussões sobre o ambiente prisional adequado  e sobre a lei pétrea e pensemos apenas na questão “maioridade fisiológica/psicológica”.  Com quantos anos uma pessoa é considerada adulta? Segundo Freud, um ser humano é considerado adulto quando é “capaz de amar e trabalhar”.  Amar no sentido de praticar sexo e reproduzir, trabalhar quando é capaz de realizar um esforço para produzir resultados de provisão. 

Essas coisas acontecem mais ou menos na mesma época, e nós compreendemos que entre uns e outros, chegam em instantes diferentes, mas isso nunca ultrapassa um ou dois anos de diferença.  Estamos cansados de ver homens de 13, 14 e 15 anos no exercício duro do trabalho e no mais frenético despertar sexual também. As leis da fisiologia são ainda mais fáceis de se constatar desde a puberdade.

Então me pergunto: Se um homem é capaz de trazer filhos ao mundo, criá-los e educá-los, realizar um trabalho com o qual se beneficiará dos frutos e prover tudo a uma família, não é natural e aceitável que o tratemos como homem punível desde então?

Deixemos as discussões (são interesses políticos) equivocadas de lado, para nos ater à realidade.  Compreendam que manter a maioridade penal de 18 anos, é hipocrisia e atestado de incompetência daqueles que precisam mudar o que há de errado TAMBÉM, em todas os outros aspectos que usam como argumentos para frustrar as tentativas de redução de maioridade penal.

Por: Mônica Torres
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Publicado originalmente em: Ossami Sacamori Blogspot