domingo, 7 de fevereiro de 2016

Brasil Emergente

Não é difícil entender o êxodo da classe mais abastada do Brasil para o exterior. Sobretudo para os Estados Unidos, ultimamente. Eu sei que esta menção arrepia os cabelos dos populistas avessos ao destaque americano, mas terão de digerir isso, de qualquer forma.

Uma reportagem que normalmente passa batida no registro diário de consultas aos jornais, pode disparar o sinal de alerta dos olhos mais aguçados. Não precisamos ser especialistas em economia, quando podemos extrair, mesmo de mídia tendenciosa, “dados puros”, dos quais podemos tecer nossas próprias conclusões. Afinal está tudo aí.. bem à nossa frente.

A questão das conclusões nem demorou muito para mim hoje. Com certeza qualquer leitor concordará com isso, porque não é interpretação, mas… conclusão lógica.

Hoje li uma reportagem com números comparativos de renda per capita brasileira, submetida a métricas usadas largamente por economistas experientes. Por que será que não me surpreendi ao ler que usam os Estados Unidos como parâmetro?

Pois bem, em nossa história, foi na transição de governo militar para civil, que nosso poder de compra nos favoreceu com maior conforto, e no “início” dos 80, (consulte a lista dos presidentes e respectivos mandatos em “Lista de Presidentes do Brasil”  até 1985, considerando que isso significa “primeiros” anos da década de 80), com a herança dos governos anteriores, o desejo de crescimento, e uma administração séria e “honesta”, que obtivemos o louvável percentual de 40% da renda dos Estados Unidos. É isso mesmo, 40% foi o máximo que pudemos festejar.

Será que os Estados Unidos nunca estiveram em crise? Ou, deveríamos considerar que Deus é americano? ..e que em Seus sagrados propósitos, escolheu os Estados unidos para favorecer com a sorte? Sabemos que não! Sabemos que somente uma administração responsável, resguardada de excessos, e da podridão da corrupção generalizada, com leis “cumpríveis”, vigilância e punição severa, poderia nos devolver um país com chances financeiras e sociais no mundo, junto aos “seus pares”, como se refere a reportagem.

Agora voltando aos números, você acha pouco que tivéssemos uma renda per capita de 40% comparada aos Estados Unidos? Pois o FMI, aquele fundo criado para socorrer países necessitados desde o pós guerra, expert em diagnosticar seus “próximos da lista de pedintes” já fez sua previsão de “estagnação” em 27%, para a nossa renda, comparada aos nossos vizinhos de cima.

Então como eu disse inicialmente, não é difícil entender o êxodo. As grandes cabeças pensantes, os grandes empreendedores brasileiros, estão alinhados com a realidade. À parte os que se beneficiam do sistema, através de favores e falcatruas, tão corriqueiras nesta terra, os trabalhadores de verdade, aqueles que respeitam, ou os que desejam respeitar as leis que regem a boa economia, esses.. estão sim, distribuindo os ovos da galinha em cestos diferentes e promissores. Basta que se leia uma ou outra notícia e dela se extraia apenas “dados” e não opiniões, para se concluir o que já é fato consumado.

No mais, a hipocrisia das pequenas mentes populistas que procuram denegrir a economia americana, mas se beneficiam dela que é uma beleza, pois estão acostumados a fazer de cabeça, cotações diárias de dólar, mas não saberiam responder qual é a moeda corrente naquela bela ilha decadente que tanto citam como modelo.

Fez-me rir a notícia, porque apesar de todo acesso e instrução de um escritor de jornal conhecido, o jornalista subestimou a capacidade do cidadão brasileiro de pensar, com a declaração de que “apesar da estagnação do Brasil, a desigualdade na distribuição dessa renda diminuiu, o número de pobres recuou, e o acesso à educação e à saúde melhorou”. Oh Deus! perdoe-o ele não sabe o que diz..
Fora isso, a informação gráfica de 24 países considerados emergentes em que o Brasil figura na posição de 18º. Só não entendi a persistência em nos classificar como país “emergente”, quando sabemos bem, que estamos em pleno mergulho no abismo.

Talvez esse “emergente” ao contrário do sentido “aflorante” ou “despontante”, se refira à emergência de nossas necessidades.. por certo!

Por: Mônica Torres
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Publicado originalmente em: Grupomoneybr

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