quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Bagatela

Faça as contas.. US$ 1,3 milhão ou R$ 5.065.970,00 (preço de hoje) + R$ 7.014.420,00 em arroz (aproximadamente 4,5 mil toneladas) não é muita coisa perto dos gastos exorbitantes, ou como queira chamar.. da pilhagem, do butim.. do montante subtraído de nossos bolsos diariamente pela quadrilha organizada instalada lá em cima (veja  Brasil e o Cupim Social). Eles diriam que é uma bagatela.

Acostumados à paisagem verde dos gramados e aos lagos espelhados de Brasília, ou mesmo ao horizonte marinho azul, somente vistos naquelas coberturas em frente ao mar tropical, Suas Santidades, os políticos (e derivados) brasileiros, não imaginam ou não se interessam realmente pelo que representa essa quantia na vida de alguém como os atingidos pela tragédia em Mariana, por exemplo, ou pelas vítimas das cheias, ou das secas. Irrisório, diriam eles, entre uma garfada e outra, num almoço no palácio.

Essa é a quantia que o Brasil “generosamente” enviará como doação para as ações de assistência aos atingidos pelos conflitos da Síria. Se parece um ensaio de crítica à generosidade humana? Não, não é! Se parece com uma crítica à “generosidade brasileira”? Sim é isso mesmo!

Mesmo entendendo como “bagatela” a quantia, perto das necessidades, e considerando que gente é gente independente de raça cor e origem, não podemos deixar de ouvir os gritos abafados, reprimidos das vítimas abandonadas de Mariana, sem contar que a quantia de R$ 1.800.000,00 doada (por cidadãos brasileiros, diga-se de passagem) destinada a Mariana, também foi pilhada a caminho do socorro e está sendo investigada agora pelo MP. Somos realmente “Sem Valia”.

Mas eu nem falei ainda das olimpíadas, que vem ai com a anuência dos brasileiros distraídos (ou eu deveria dizer, irresponsáveis, mesmo?) . Essa sim, já está ao custo de sabe-se lá quanto, porque há um ano atrás precisamente, já custava R$ 36,7 bi e superava a copa em 47%… triste? imagino se os alemães resolverem superar aquela marca de 7×1…

Posso dizer que é uma total irresponsabilidade dos poderosos lá em cima na esfera política, uma total falta de senso de humanidade, de amor ao país, de patriotismo, de tino administrativo, de moral, e de desejo de evolução. Estroinas, arrogantes, gananciosos, usurários, gastadores vaidosos e desenfreados do dinheiro suado dos trabalhadores brasileiros.

Ao som das marchinhas carnavalescas de ocasião, inspiradas ironicamente em heróis ou vilões personagens envolvidos na lama da corrupção, os brasileiros abrem alas  dão sua cota e contribuição para a farra “alibabesca”, nos preços dos produtos vinculados às festas de Momo. Para quem não sabe, vale consultar o Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas). A alta de preços superou facilmente a marca dos 10,74% apurados pelo IPC. Já navega na marca dos 12,74% coloridos e abrilhantados por muita purpurina.

O que isso significa? Que a quarta-feira veio, inevitavelmente, e nem o eco que ficou do  estrondar retumbante dos tambores das escolas de samba, conseguirá abafar o som descomunal do choro dos atingidos pelas consequências dos Zika vírus espalhados pelo país, pelo descaso com a saúde…, significa que nem a mais bela fantasia de penas coloridas, de pedrarias brilhantes, nem as mesuras elegantes dos passistas, conseguirão, nem por um instante, fazer esquecer ao povo que sofre pela falta de humanidade, pela falta de providência adequada daqueles que deveriam administrar corretamente este país.

Não quero me repetir em críticas de assuntos que já foram mais do que replicados. Mas não posso deixar de olhar de forma crítica a doação leviana desta “bagatela”.

Por: Mônica Torres
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Publicado originalmente em: Grupomonybr
 

domingo, 7 de fevereiro de 2016

Brasil Emergente

Não é difícil entender o êxodo da classe mais abastada do Brasil para o exterior. Sobretudo para os Estados Unidos, ultimamente. Eu sei que esta menção arrepia os cabelos dos populistas avessos ao destaque americano, mas terão de digerir isso, de qualquer forma.

Uma reportagem que normalmente passa batida no registro diário de consultas aos jornais, pode disparar o sinal de alerta dos olhos mais aguçados. Não precisamos ser especialistas em economia, quando podemos extrair, mesmo de mídia tendenciosa, “dados puros”, dos quais podemos tecer nossas próprias conclusões. Afinal está tudo aí.. bem à nossa frente.

A questão das conclusões nem demorou muito para mim hoje. Com certeza qualquer leitor concordará com isso, porque não é interpretação, mas… conclusão lógica.

Hoje li uma reportagem com números comparativos de renda per capita brasileira, submetida a métricas usadas largamente por economistas experientes. Por que será que não me surpreendi ao ler que usam os Estados Unidos como parâmetro?

Pois bem, em nossa história, foi na transição de governo militar para civil, que nosso poder de compra nos favoreceu com maior conforto, e no “início” dos 80, (consulte a lista dos presidentes e respectivos mandatos em “Lista de Presidentes do Brasil”  até 1985, considerando que isso significa “primeiros” anos da década de 80), com a herança dos governos anteriores, o desejo de crescimento, e uma administração séria e “honesta”, que obtivemos o louvável percentual de 40% da renda dos Estados Unidos. É isso mesmo, 40% foi o máximo que pudemos festejar.

Será que os Estados Unidos nunca estiveram em crise? Ou, deveríamos considerar que Deus é americano? ..e que em Seus sagrados propósitos, escolheu os Estados unidos para favorecer com a sorte? Sabemos que não! Sabemos que somente uma administração responsável, resguardada de excessos, e da podridão da corrupção generalizada, com leis “cumpríveis”, vigilância e punição severa, poderia nos devolver um país com chances financeiras e sociais no mundo, junto aos “seus pares”, como se refere a reportagem.

Agora voltando aos números, você acha pouco que tivéssemos uma renda per capita de 40% comparada aos Estados Unidos? Pois o FMI, aquele fundo criado para socorrer países necessitados desde o pós guerra, expert em diagnosticar seus “próximos da lista de pedintes” já fez sua previsão de “estagnação” em 27%, para a nossa renda, comparada aos nossos vizinhos de cima.

Então como eu disse inicialmente, não é difícil entender o êxodo. As grandes cabeças pensantes, os grandes empreendedores brasileiros, estão alinhados com a realidade. À parte os que se beneficiam do sistema, através de favores e falcatruas, tão corriqueiras nesta terra, os trabalhadores de verdade, aqueles que respeitam, ou os que desejam respeitar as leis que regem a boa economia, esses.. estão sim, distribuindo os ovos da galinha em cestos diferentes e promissores. Basta que se leia uma ou outra notícia e dela se extraia apenas “dados” e não opiniões, para se concluir o que já é fato consumado.

No mais, a hipocrisia das pequenas mentes populistas que procuram denegrir a economia americana, mas se beneficiam dela que é uma beleza, pois estão acostumados a fazer de cabeça, cotações diárias de dólar, mas não saberiam responder qual é a moeda corrente naquela bela ilha decadente que tanto citam como modelo.

Fez-me rir a notícia, porque apesar de todo acesso e instrução de um escritor de jornal conhecido, o jornalista subestimou a capacidade do cidadão brasileiro de pensar, com a declaração de que “apesar da estagnação do Brasil, a desigualdade na distribuição dessa renda diminuiu, o número de pobres recuou, e o acesso à educação e à saúde melhorou”. Oh Deus! perdoe-o ele não sabe o que diz..
Fora isso, a informação gráfica de 24 países considerados emergentes em que o Brasil figura na posição de 18º. Só não entendi a persistência em nos classificar como país “emergente”, quando sabemos bem, que estamos em pleno mergulho no abismo.

Talvez esse “emergente” ao contrário do sentido “aflorante” ou “despontante”, se refira à emergência de nossas necessidades.. por certo!

Por: Mônica Torres
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Publicado originalmente em: Grupomoneybr