quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Sem Valia

A mentira é um dos mais vis pecados humanos. É duplamente pérfida, porque condena à infâmia aquele que a pratica, e porque tira do outro a liberdade de escolha. Sem o conhecimento da realidade, não há escolha, há apenas guia. E se a atitude covarde da mentira contra qualquer vida, já é desprezível, não tem tamanho a atitude contra um povo inteiro. Como é fácil se adaptar as interpretações, às nossas necessidades e nos livrar das culpas. Pelos interesses próprios, mudam-se até as leis.

Já vi distorções até das pregações de Jesus Cristo em função de interesses próprios..
Temos vivido assim ao longo desses tempos, que nem sequer sabemos precisar quanto. Temos vivido sob tal jugo da covardia, que já não identificamos mais algozes e benfeitores, nem entre nossos representantes políticos, nem tampouco entre nossos “próximos” comuns, que parecem adotar o modelo da dissimulação, confortavelmente.

Tão lastimável ver o colapso em que o mundo se encontra, o declínio da fraternidade humana, a violência ganhando espaço e se avultando como uma sombra gigantesca que nos persegue e nos tira a respiração à sua constatação. As notícias, só nos trazem dúvidas, nada além disso. Corrupção declarada, miséria, fome, ataques de racismo, preconceitos, ataques religiosos, desastres ambientais, vandalismo, contendas de toda ordem. Em contra partida, a indiferença das pessoas debruçadas sobre os balcões das lojas, ávidas pelas compras desnecessárias de fim de ano, os gastos desenfreados, alimentando um consumismo desmedido, produzindo lixo e mais lixo, sem discriminação e sem critério. Isso é usura! enquanto o mundo morre de tantos males, paradoxalmente. Não será possível, nos importar com o mundo mais perto de nós, e vivermos mais fraternalmente, conscientes do quanto podemos fazer, em pequenos gestos, para mudar a história de nossas vidas e as dos outros? Por que nos doemos tanto de coisas que não podemos mudar e esquecemos tanto do que nossa obrigação seria a própria mudança? Talvez porque o mundo real, bem à nossa volta nos tire da zona de conforto.

A covardia, é esculpida na mentira. A ironia, a dissimulação e o cinismo, são os entalhes que lhe dão contornos.

Mas somos todos vidas, não somos? Me pergunto às vezes, se fomos sempre assim.. sem valia..
Eu, em minha costumaz leitura de notícias diárias, já tão banais aos olhos do público letárgico, ainda reparo em manchetes, imagens e textos, e ainda me choco com eles. Hoje vendo as fotografias de políticos de toda ordem (ou seria horda?), a buscar seus pares, seus afins, numa dança macabra, em que dão-se as mãos para se equilibrarem nas suas pirâmides de progressões geométricas, flagrei numa foto, um abraço conveniente entre executivo e judiciário. Legislativo, executivo e judiciário se confundem nessa desordem, nessa prática covarde da mentira, da dissimulação, dos golpismos de “todos” os lados, somos finalmente nau sem rumo. As expressões nos rostos deles, já não escondem a covardia, a arrogância, a imposição. Não se importam em debater-se em golpes físicos publicamente, nas casas políticas, não se importam em proferir ameaças, nem mais usam de eufemismos. Há tanta sordidez em seus procedimentos convulsivos pela permanência em seus cargos, que são batalhões armados sob o nome de “partidos”.

Há uma tragédia sem precedentes sob a lama vermelha de Mariana, mas o mundo à volta parece não se importar com isso. Não é possível que assuntos como “pedidos de impeachment” sejam determinantes do esquecimento, do descaso e da indiferença de nossos governantes. Não é possível que passado mais de um mês dessa torrente macabra, não se saiba definitivamente a extensão precisa da área, a causa da tragédia e sobretudo, o alcance de toda essa desgraça. E nem sequer estou falando de “culpados”.

De novo me pergunto se fomos sempre assim.. sem valia..
Há uma tragédia crônica, sob a poeira vermelha do nordeste brasileiro, a paisagem de morte (e é muito feia) financiada pelo desvio de verbas, pela ladroagem, pelo desrespeito e pela indiferença, está cunhada em cada centavo desviado. Hoje eu li R$ 200.000.000,00 desviados de “apenas dois lotes” da obra de transposição do Rio São Francisco, que ironicamente leva o nome do santo protetor da vida dos animais, aqueles mesmos, que vemos mortos e apodrecidos ao longo das margens desse eterno estio de providências. São “Vidas” realmente “Secas”. Eu, que não posso evitar as lágrimas nessa lembrança, também não posso precisar com exatidão a primeira vez que ouvi a expressão “Indústria da Seca” em anos remotamente distantes. Agora sei bem o que significa.

Sempre fomos assim, sem valia, mesmo?
Uma breve passada na mais importante Agenda Política, nos dará o exato esclarecimento a todos os brasileiros, da verdadeira importância que temos.

Não há ricos, nem pobres, nem trabalhadores, nem letrados, nem ignorantes que não padeçam dos efeitos dessa covardia. A palavra de ordem implícita naquela Agenda Mais Importante (consultável na rede internet), é precisamente “DESCASO”. Confira!!

Mas de todas, a mais dolorosa delas, é a covardia que acabamos por encontrar entre os nossos mais próximos, aqueles entre os quais vivemos e com os quais interagimos todos os dias, que criados à raiz da desfaçatez, esculpidos aos moldes da traição que nos assola desde lá de cima, escondem seus verdadeiros ímpetos, escondem seus verdadeiros rostos e desprezam-se uns aos outros.
Sempre fomos assim, sem valia? …é possível que sim.

Por: Mônica Torres
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Publicado originalmente em: Grupomoneybr

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Dinheirismo

O dinheiro tem que servir, não governar.” (Papa Francisco).

Vil metal? JAMAIS!!! Agora sim, uma apologia declarada ao capitalismo. E antes que os mais exaltados divirjam sobre o significado delicado da palavra, vamos levá-la ao nível “qualquer um pode entender”: É de “DINHEIRISMO” mesmo, que vamos falar; é do bom e velho “sistema econômico dos lucros”, a melhor prática de recompensa material, inventada pelo ser humano, o passe, o ingresso, a senha, o recurso mais adequado para a realização, para o produto.

É nesta fase mais conturbada da economia brasileira, que brotam as questões importantes sob o ponto de vista mais analítico. É claro que deixaremos de lado a hipocrisia das interpretações críticas das escolas socialistas, levadas a termo pelos seus mentores e sua massa de manobra, e nos ateremos mesmo à visão realista e comprobatória. Em suma.. o 2+2=4 nosso, de cada dia, claro e exato de se entender.

Indiferente às perspectivas de análises diferenciadas entre uns e outros (porque há os que consideram que a “economia mista” é parte integrante desse sistema econômico), o capitalismo não é matéria que pertença a governos, nem mesmo que deles se utilize para sua existência. Eis pois, talvez, a oposição mais significativa, o remédio mais potente e eficaz contra os sistemas políticos retrógrados que têm seu sucesso no controle dos bens alheios. Porque a despeito de sua hipocrisia, os governos totalitaristas se valem muito bem do capitalismo e têm em suas regras, espaço reservado para alguma liberdade concedida aos investidores independentes a fim de que haja uma fonte de ganhos para manter seus projetos mirabolantes de poder. Claro que tudo isso é com a seletividade da escolha deles. Assim nascem as mega comprometidas Fri… da vida.

Há porém dois expoentes a se considerar, no descontrole de todo sistema econômico: Os “excessos” e a “quebra de instituições” de base de uma nação (sociais, jurídicas e culturais). Isso se parece com um país que você conhece? Certamente você parou para conferir na memória, as instituições que consegue se lembrar e os excessos cometidos, e em T-O-D-A-S elas viu esses sinais (de quebra)… inchaço no corpo de servidores, abuso de poder, burocracia, ineficiência, impostos altíssimos, insegurança, inflexibilidade nas leis de trabalho, intransigência, falta de decoro, corrupção, negligência com a atenções básicas sociais e toda sorte de más práticas que degeneram a plenitude de um sistema econômico sadio.

Os países cuja quebra acontece, começam por desonrar compromissos e pactos. A confiança despenca e o nível de competitividade cai, porque esse é proporcional ao nível de confiança e assim se tornam isolados. É bem assim, como numa instituição pequena, onde se pratica a usura e desrespeito ao dinheiro e aos colaboradores econômicos (clientes e fornecedores). Perde-se a credibilidade e com ela vem o ocaso econômico, o declínio, a ruína e a falência. Já sentimos o bafejar desse hálito de fracasso..?

Não há tolos aqui, todos temos visto a olhos nus, ainda que tardiamente, os efeitos desses acontecimentos em nossa terra.

Há um caos tão largamente instalado, uma desordem tão manifesta, tão cuidadosamente instaurada em nossa economia, que não fosse pelo tamanho continental desse país (difícil de controlar, portanto também difícil de quebrá-lo todo de uma só vez), já estaríamos a pedir esmolas, com exceções dos “selecionados” contemplados pelo apadrinhamento público, é claro! Não fosse pelas riquezas naturais (mas que também acabam, não se enganem!) que nos são fartas em todas as regiões aqui pela graça de Deus, já estaríamos pedindo esmolas.

O capitalismo é o sistema econômico em que o Estado é, senão mínimo, …nenhum. O capitalismo, é o sistema onde os meios de se produzir e se alcançar resultados, são “privados” e portanto sagrados. São a garantia de que todo homem trabalhador se diferenciará de outro, produzindo para si conforme seu mérito e talento. Isso é justo!

Mas eu não vim aqui pra mostrar o óbvio (a que o poder atual nos está submetendo), nem mostrar os estragos que já conhecem de todo e que seria difícil enumerar, de tantos que são…, mas para trazer à tona “o implícito” e convidá-los a pensar, a se perguntarem e se responderem… “a quem interessa a quebra da economia de um país.. e para que de fato ela é necessária ?

Por Mônica Torres
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Publicado originalmente em: Grupomoneybr