sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Cangaço ou Coronelismo

O coronelismo é uma cria completamente brasileira, e nunca teve tão em voga. Haja vista os comportamentos desregrados e imperativos singulares das importantes “incelenças” que estão no poder. É uma oligarquia com chapéus de couro e chicotes. Escravagista de carteirinha, o coronelismo, em outros tempos, foi cantado em versos, apreciado em novelas, cujas figuras principais sempre usaram terno e gravata, pulseiras tilintantes, e.. claro,  não faziam mal do lado de trás da tela.

Abra-se noutra aba o conceito de coronelismo para comparar aqui com a rotina do congresso e surpreender-se-á o leitor, com as semelhanças. Confira nas wikis… Há quem compare ao feudalismo, mas o viés ilícito e criminoso, o coloca num contexto muito mais feroz.  É a cara do nosso congresso de hoje. A novidade é que agora há uma sede, um quartel que os arregimenta nos corredores dos prédios públicos de Brasília.

Características como fraude eleitoral, voto de cabresto, políticas de conveniências, conchavos e manobras ilícitas para se manter no poder estão nos conceitos de coronelismo. Enfim, somente a abolição dos chapéus é o que os diferencia dos parlamentares. Veja, leitor, que as fraudes eleitorais, não se dão apenas nas urnas eletrônicas, mas no formato ineficiente da lei, que não dá respaldo à ordem, e é permissiva com arranjos de permanência em cargos e funções exercidas. Voto de cabresto é um termo popular pitoresco para se dizer chantagem. É tudo muito feio e nocivo.

Das políticas de conveniência, dos apadrinhamentos, ah.. esses são uma prática tão corriqueira, que há “incelenças” que realmente não se lembram mais, se houve algum dia em que governantes portaram-se de forma diferente. E nós, paramos aqui para refletir e nos lembramos daquele político cínico nas nossas lembranças, nas manchetes recentes… o sorriso de escárnio e as palavras de hipocrisia de quem não se preocupa em sequer “parecer” humilde..

A política é um baile que nunca acaba. Trocam-se de roupas e de pares, mas tudo se faz para se continuar no grande salão de dança. A república velha parece voltar e assombrar nossos sonhos de mudança. O coronelismo está de volta com uma roupagem apenas alinhada com a atualidade, mas os propósitos são os mesmos e o Brasil nunca esteve tão desprotegido e enterrado no meio de um livro de 446 páginas ora rasgado.

Já passamos da fase da letargia, já superamos a Síndrome de Genovese, já não mais nos portamos com alienação ante as patifarias diárias dos políticos sujos, as redes sociais nos ajudam, mas não conseguimos imprimir força o suficiente para mover o eixo dessa engrenagem podre, não conseguimos separar o joio do trigo.

Os descalabros são tão grotescos que poderíamos chamá-los de kafkianos, para não ter que escolher entre os muitos nomes dos candidatos aos cargos de coronéis de estrume, que concorrem para permanecer nos “trends”. Eles estão jogando um “tudo ou nada”, que se limitam ao tempo de suas permanências no poder. São homens em fins de mandato, carregados de processos, sem respeito, sem o menor pudor de prejudicar uns aos outros e ao povo que os elegeu.

Só podem estar loucos, insanos, desarrazoados os que desejam que um juiz não interprete a lei, quando em contrapartida, eles mesmos manipulam as leis em seu favor, contando com as brechas do direito.

O STF não tem sua base no direito criminal, porque nunca se imaginou chegar a esse ponto, em que um tribunal maior, precisasse julgar processos dessa área. Isso era próprio do mundo do crime comum.

Procuramos entre nós, um líder que seja capaz de nos restaurar a fé… que nos mova na direção do sucesso, da evolução, que nos leve pela senda do progresso. Estamos cansados, fatigados mesmo, da falta de pudor dos poderosos de todos os poderes. Chega de depravação! É preciso devolver o que resta do Brasil ao seu povo, para que este, lhe limpe as feridas e siga em frente.

Por: Mônica Torres
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Publicado originalmente em: Grupomoneybr